sábado, 23 de junho de 2012

Tenho vivido um dia de cada vez, só pra saborear a tristeza, mastigando cada mágoa que trago, cada dor que guardei e que achava que tinha esquecido. A gota d'água que fez o copo transbordar. É isso. Já ia fazer quase um ano que vinha achando que estava tudo bem, que as coisas poderiam ser levadas, que já tinha me acostumado. Mas não. E o mais engraçado [sim, engraçado, pra não dizer trágico] é que tudo sempre acontece ao mesmo tempo, parece que desgraça atraí desgraça. Esse era pra ser um período bom, uma greve indeterminada, tempo pra pôr as leituras em dia, folga pra ir ao arquivo, tempo pra dizer que tenho um namorado. Mas nada, nada disso tem se feito. É certo que tenho tido tempo de sobra, mas me falta disposição pra tudo isso. Passo os dias procura uma boa forma de morrer. Uma não muito dolorosa, não muito demorada. E nem sei mereço isso da Dona Morte. Tantas vezes a tenho desafiado, acho que ainda tenho um pouquinho mais pra viver, ou sofrer. Me sinto novamente com meus 16 anos, quando realmente sentia as coisas ao meu redor, pensava sobre mim mesma. É, só a solidão pode proporcionar isso. E eu digo com toda convicção, não há desespero maior do que o desespero de se auto-conhecer, se auto-julgar, se auto-cobrar. Espero que alguém em algum lugar ainda me dê algo de bom, por eu estou cansando de esperar, e quem sabe a D. Morte seja vencida pelo cansaço. Cansei de fingir que tô bem, cansei de engolir desaforos, cansei de fingir que estou feliz pra deixar os outros felizes. Cansei. Vou pensar mais em mim agora. Pretendo ser mais egoísta durante um bom tempo [ou quem sabe pra sempre]. Não vou correr mais atras daquilo que sei que não será bom. Nem sei porque to escrevendo tudo isso, se sei que ainda vou precisar de alguém pra conversar. Talvez saiba que você vai ler, e como nunca te enganei, nem quando eu procurava acreditar nas minhas próprias máscaras. Só cansei. Tô cansada. Vou me isolar, preciso de mim por mais tempo.

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